Repórter São Paulo – SP – Brasil

Artista palestino Sliman Mansour fala sobre a importância da arte na libertação do povo palestino e os desafios enfrentados na região

A arte palestina está profundamente ligada ao processo de libertação do povo palestino, uma vez que ela desafia a negação da existência desse povo, enfrentada por Israel e por uma grande parte do mundo ocidental. Sliman Mansour, renomado artista visual palestino, afirma que a busca por símbolos visuais se tornou crucial para a expressão da identidade palestina. E, em um contexto abstrato, diversos elementos encontrados na arte regional antiga, na arte islâmica e na arte popular têm contribuído para enriquecer a expressão artística palestina.

No âmbito artístico, questões emblemáticas da Palestina, como a ocupação israelense, têm servido como fonte de inspiração para artistas, que se utilizam de símbolos, como laranjeiras e oliveiras, para representar momentos-chave desse conflito. Além disso, a arte internacional que aborda a libertação também tem desempenhado um papel relevante no desenvolvimento da identidade palestina.

Apesar do reconhecimento global após os acordos de Oslo, o artista afirma que esse reconhecimento ainda está aquém das expectativas dos palestinos, que clamam por libertação e por uma vida digna. Mansour destaca que, atualmente, a arte e a cultura desempenham um papel fundamental na desafiadora tarefa de confrontar essa atitude.

Quanto à situação do âmbito artístico em Gaza e no restante da Palestina, Mansour observa que na Cisjordânia existe um modesto mercado de arte que cumpre um papel duplo: ele atende aos artistas locais e estabelece uma conexão com os artistas de Gaza. Na região, há galerias, instituições e museus dedicados à arte, contribuindo para a promoção da cultura no local.

Já em Gaza, Mansour destaca a existência de um movimento artístico vibrante, no qual diversos artistas estão ativamente envolvidos. No entanto, a comunidade artística de Gaza sofreu um revés com o bombardeio do Centro de Artes e Ofícios “Village”, há alguns anos. Apesar dos desafios, a utilização de ferramentas contemporâneas, como a fotografia, o vídeo e a performance, têm sido práticas integrantes do trabalho de muitos artistas da região.

A censura e a resistência não são novidades para os artistas palestinos. Mansour relata que, durante as décadas de 1970 e 1980, as autoridades israelenses demonstraram sensibilidade em relação às obras de arte que abordavam a identidade e a ocupação, resultando no confisco de diversas obras de artistas palestinos. Nesse contexto, os artistas frequentemente utilizavam símbolos para transmitir mensagens sutis, driblando a censura. Um exemplo emblemático disso é o uso da melancia como um símbolo da identidade e da resistência palestinas. Khaled Hourani foi pioneiro no emprego desse símbolo, que se tornou um importante elemento na arte palestina.

Por fim, Mansour deixa uma mensagem para a próxima geração de artistas palestinos, enfatizando a importância de um senso de pertencimento e um foco na sociedade como público principal. Ao refletir sobre o impacto das artes no conflito atual, ele destaca que a arte, como uma linguagem internacional, serve como um meio poderoso e pacífico para transmitir a narrativa palestina ao mundo, lançando luz sobre suas lutas e a ocupação permanente.

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