Argentina enfrenta dilema econômico após recusa de Milei em ingressar nos Brics e conflitos com China

A base ideológica do presidente Milei vem se mostrando um fator relevante e que pode ter impactos significativos no bolso da população argentina. Isso se evidenciou logo após os resultados das eleições, quando a ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, afirmou que a Argentina não ingressaria ao grupo de países conhecido como Brics.

Essa posição foi reforçada pelo economista Roncaglia, que destacou a clara postura de Milei em não querer se aliar aos países do Sul Global, em especial à China. Além disso, o mandatário também demonstra pouco interesse em relação a outros países, como a Arábia Saudita, que possuem regimes políticos conflitantes com a abordagem discursiva adotada por Milei. Tais posicionamentos evidenciam uma visão elitista no âmbito geopolítico por parte do presidente argentino.

Apesar de a chancelaria argentina ter emitido declarações oficiais sobre a não entrada aos Brics, Roncaglia ressaltou que é prematuro definir se essa decisão de fato se concretizará, especialmente diante da possibilidade de Milei reconsiderar a necessidade de diversificar as fontes de financiamento, caso a “realidade se imponha”.

Recentemente, o governo da China decidiu suspender o financiamento de US$ 6,5 bilhões à Argentina, parte de um acordo entre os presidentes Alberto Fernández e Xi Jinping. Essa decisão foi motivada pela necessidade de Milei demonstrar boas relações diplomáticas, após atitudes e discursos considerados hostis em relação à China.

A ausência da Argentina no grupo dos Brics representa a perda de um importante canal de alívio para os problemas econômicos do país, como a renovação do swap de moedas feito com a China. Uma adesão aos Brics facilitaria esse tipo de acordo, conforme destacou Roncaglia.

Entretanto, a resistência ideológica do presidente Milei enfrenta desafios diante da pressão da população, que vem manifestando preocupações em relação à atual ineficácia do governo. Tal contexto tende a priorizar as necessidades práticas do país em detrimento da natureza ideológica do mandatário.

Diante dessa conjuntura, observa-se uma situação em que a realidade econômica impõe a necessidade de Milei restabelecer relações comerciais com outros blocos e países, como a China e o Brasil. A postura incendiária adotada provavelmente manterá a base engajada, porém as instabilidades tendem a constranger o governo, afastando as ações daquilo que o discurso prega.

Assim, a base ideológica do presidente Milei, embora mantenha seu discurso inflamado para manter o apoio popular, tende a ser confrontada pelas pressões econômicas e internacionais, que exigem uma atuação mais pragmática e cooperativa por parte do governo argentino.

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