Para os pesquisadores, as mudanças climáticas têm intensificado o fenômeno do El Niño e até aumentado sua frequência, tornando difícil a reversão dos seus efeitos. De acordo com eles, a mortalidade intensa e as condições adversas fazem com que as árvores não consigam mais se recuperar, o que configura um ponto de não retorno.
Além disso, o fogo também é um elemento transformador nesse processo, podendo inibir a regeneração de certos tipos de vegetação, que não resistem às chamas. E em áreas mais suscetíveis, a devastação da floresta alcança níveis alarmantes, oscilando entre 30% e 40%, evidenciando um cenário preocupante para a região.
No entanto, nem tudo são más notícias. A volta de políticas nacionais de monitoramento e controle do desmatamento da Amazônia resultaram na maior queda em cinco anos, chegando a 22% até novembro de 2023. Além disso, a realização da primeira Cúpula dos Países Amazônicos também simbolizou uma virada do governo brasileiro na questão ambiental.
Patricia Pinho, diretora-adjunta de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ressaltou a importância do combate às ilegalidades e do apoio dos países desenvolvidos para a transição da região para atividades econômicas de baixa emissão, gerando receita através da preservação da floresta em pé. Ela enfatizou a importância de uma divisão equitativa dos benefícios oriundos das atividades econômicas baseadas na cultura local.
Em suma, o El Niño intenso de 2023 tem gerado preocupações ambientais, mas o engajamento de políticas de preservação e controle do desmatamento oferece uma esperança de reversão dos danos e de preservação da Amazônia.