Antissemitismo em prova de vestibular: Universidade do Ceará anula questão sobre Segunda Guerra Mundial após polêmica com Conib.

A Universidade Estadual do Ceará foi alvo de polêmica nesta terça-feira (30) após anular uma das questões da prova de vestibular do último domingo (28) devido a acusações de antissemitismo. A questão cancelada foi a de número 29, que abordava os custos humanos na Segunda Guerra Mundial, com uma resposta considerada ofensiva pela Confederação Israelita do Brasil (Conib).

A polêmica se deu pelo fato da resposta correta no gabarito afirmar que “O extermínio dos judeus foi uma decisão antieconômica na medida em que sua mão de obra escrava poderia ter sido mais bem explorada pelos alemães”. A Conib se manifestou dizendo que essa resposta desumaniza e ofende a memória das vítimas do Holocausto, normalizando as atrocidades cometidas pelo regime nazista.

Após a repercussão negativa, a Universidade Estadual do Ceará decidiu anular a questão, afirmando que houve inconsistência na elaboração da mesma. A instituição informou que as questões 27 e 35 também estão sendo analisadas pela comissão responsável. A questão 27 trata do êxodo do povo Hebreu do Egito para a Palestina, conduzido por Moisés, enquanto a questão 35 aborda o aspecto expansionista territorial israelense.

A Conib considerou as questões como tendenciosas, carentes de respaldo histórico e extremamente preconceituosas, chegando a classificá-las como abertamente antissemitas. A entidade afirmou que irá oficiar a instituição e o Ministério Público do Ceará, podendo configurar ato ilícito ou improbidade administrativa.

A polêmica ganhou repercussão nas redes sociais após publicações do cientista social e pesquisador Matheus Alexandre, que questionou se a prova seria um teste para aferir o nível de antissemitismo. Em suas postagens, Alexandre argumentou que as questões buscavam negar a história e relação do povo judeu com o território do Levante, além de relativizar o Holocausto.

Diante da polêmica, a Universidade Estadual do Ceará enfrenta críticas e investigações por parte da comunidade judaica e Ministério Público, em um debate que levanta questões sobre a sensibilidade e responsabilidade na abordagem de temas históricos sensíveis em espaços educacionais.

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