Repórter São Paulo – SP – Brasil

Ameaça de violência contra fiscais do trabalho em fazendas de café traz à tona fantasma da Chacina de Unaí.

Uma grave ameaça feita por um trabalhador do campo chamou a atenção das autoridades e levantou preocupações sobre a segurança dos fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego. Em um áudio vazado, o indivíduo sugere que, caso haja uma fiscalização, cerca de 30 pessoas que trabalham no cultivo de café deveriam atacar os agentes, causando danos materiais e físicos.

O depoimento dado posteriormente pelo autor da ameaça, que se identificou como “apanhador de café”, tentou minimizar a gravidade das palavras, afirmando se tratar de uma “brincadeira”. No entanto, a polícia não vai encarar o caso de forma leviana e o trabalhador poderá ser indiciado por ameaçar funcionários públicos.

Essa situação ressalta um problema recorrente no setor agrícola, especialmente no cultivo de café. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego revelam que, somente no ano passado, houve o resgate de 300 trabalhadores nessa atividade, sendo que o estado de Minas Gerais liderou o ranking de resgates, seguido de perto por Goiás.

A referência à Chacina de Unaí, que ocorreu em 2004 e vitimou três fiscais e um motorista durante uma fiscalização em fazendas da região, serve como alerta para a gravidade das ameaças feitas contra os agentes públicos. Mesmo após duas décadas, o caso ainda desperta temor entre os auditores, especialmente os que atuam em Minas Gerais.

Recentemente, um dos mandantes do crime, o ex-prefeito Antério Mânica, foi preso após mais de 19 anos de espera devido a recursos protelatórios e entraves no processo. Ele e seu irmão Norberto, grandes produtores rurais do país, foram apontados pela Polícia Federal como os responsáveis pela chacina.

Diante desse cenário, é fundamental que medidas urgentes sejam tomadas para garantir a segurança dos fiscais do trabalho no exercício de suas funções e para combater a exploração e violações de direitos trabalhistas no meio rural. A ameaça feita pelo trabalhador do café não pode ser encarada como uma simples brincadeira, mas como um alerta para a necessidade de proteção das autoridades que lutam por um trabalho digno e justo.

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