Alopecia Areata: Condição autoimune que provoca queda de cabelo ainda pouco compreendida e sem tratamento eficaz

Setembro é o mês dedicado à conscientização sobre a alopecia areata, uma condição autoimune que causa a queda de cabelo e está associada a diferentes fatores. Embora não existam estatísticas precisas sobre o número de pessoas afetadas no Brasil, a Sociedade Brasileira de Dermatologia estima que entre 1% e 2% da população apresente os sintomas em algum momento da vida. Uma dessas pessoas sou eu.

Desde criança, comecei a perder cabelo e sei que viverei com essa condição pelo resto da minha vida. Hoje, me sinto confortável em admitir que a alopecia areata é parte de mim, uma característica entre tantas outras, mas não me define por completo. Entretanto, devo confessar que o caminho até essa aceitação foi longo e cheio de desafios.

Quando criança, enfrentei dificuldades em lidar com a diferença e senti vergonha. Tornei-me uma criança tímida, introvertida e com dificuldade em me relacionar com o mundo externo. À medida que cresci, mesmo que meu cabelo tenha voltado a crescer em algumas fases da vida, a alopecia areata continuou me acompanhando. Em determinado momento, a condição se agravou, levando-me a perder grandes áreas de cabelo, impossíveis de serem disfarçadas apenas com tiaras, lenços ou pinturas, como fazia na adolescência. Foi quando decidi comprar minha primeira peruca, um momento marcante e doloroso nessa jornada.

Quando adulta e trabalhando, juntei dinheiro e decidi buscar ajuda fora do país, indo para os Estados Unidos em busca da cura desejada. Acreditei firmemente que voltaria com um tratamento que faria meu cabelo voltar a crescer. Para minha surpresa, o médico me informou que, após conviver com a doença por tanto tempo, a única solução seria o uso de perucas. Aquilo foi um choque, pois era exatamente o que eu não queria ouvir.

Aceitar esse diagnóstico foi extremamente difícil. Voltei ao Brasil e passei mais 15 anos tentando diversos tratamentos, até finalmente aceitar que teria que conviver com a alopecia areata. Em um dia especialmente difícil para mim, decidi, ao caminhar perto de casa, entrar no salão de cabeleireiro e dizer: “Raspe minha cabeça!” Com esse gesto libertador, finalmente aceitei que precisava assumir a alopecia areata, que no meu caso não possuía um tratamento eficaz.

Ao longo do caminho, me submeti a tratamentos dolorosos em busca de uma aparência socialmente aceitável, mas hoje me sinto bem do jeito que sou, tanto internamente quanto externamente. Uso uma peruca e me considero maravilhosa assim! Como pessoa pública, desejo oferecer ajuda a outras pessoas que trilham o mesmo caminho que eu percorri. Quero ser uma voz que passou por uma experiência difícil e encontrou paz ao conviver com o que me torna diferente da maioria.

Minha própria jornada com a alopecia areata, desde a infância até a aceitação na vida adulta, foi repleta de desafios, constrangimentos e momentos difíceis. É importante falar abertamente sobre a alopecia areata para que as pessoas que enfrentam essa condição possam buscar o tratamento e o apoio adequados. A conscientização é o primeiro passo para quebrar os estigmas e criar um ambiente mais empático para todos nós.

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