Repórter São Paulo – SP – Brasil

Aliança entre STF e Planalto incomoda Centrão e apoiadores de Bolsonaro; resistências e desconfianças persistem após acordo.

A relação entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto se tornou um ponto de tensão para o Centrão e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mesmo após um acordo anunciado pela cúpula dos três Poderes para controlar as emendas parlamentares ao Orçamento, ainda persistem desconfianças e resistências em relação a esse processo de “depuração”.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, deixou claro que a Casa de Salão Verde não quer ser vista como o “patinho feio” nessa história. Em suas conversas, ele demonstrou preocupação sobre como será feita a transferência do dinheiro das emendas, especialmente no momento em que negocia apoio para o candidato à sua sucessão à frente da Câmara.

Lira chegou a despachar propostas para a Comissão de Constituição e Justiça que restringem a atuação do STF, demonstrando que o Legislativo não quer se submeter completamente à Corte. Além disso, a presidente da CCJ, Caroline De Toni, aliada de Bolsonaro, colocou em pauta o debate dessas propostas, enfatizando a necessidade de enquadrar os magistrados.

Mesmo com o Centrão sinalizando que uma das propostas que permitiria ao Congresso anular decisões do STF seria engavetada, Caroline seguiu em frente e intensificou as discussões. Ela enfatizou que o Poder Judiciário não deve criar normas gerais e abstratas, mas sim julgar casos concretos de acordo com as leis vigentes.

A suspensão do pagamento das emendas pelo ministro do STF Flávio Dino também gerou protestos no Congresso, que se mantém cauteloso em relação ao Supremo e ao Planalto. A percepção é de que houve uma atuação conjunta entre o ministro e o ex-presidente Lula, o que reforça a desconfiança.

Em meio a esse cenário de desconfianças, o líder do governo no Senado, Jacques Wagner, negou qualquer tipo de “jogo combinado” entre o Supremo e o Planalto. No entanto, a incerteza persiste, especialmente em relação ao papel do Judiciário no orçamento e nas decisões políticas.

Diante de tudo isso, o acordo firmado entre os três Poderes ainda é visto como uma carta de intenções pelo Centrão, que aguarda a definição dos critérios para o repasse dos recursos das emendas. O mercado político, que utiliza essas emendas como moeda de troca, aguarda ansiosamente por novos desdobramentos nessa relação delicada e complexa.

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