Ala do governo apresenta plano para evitar paralisia em obras do Novo PAC com revisão da meta de déficit zero em 2024.

Uma ala do governo Lula (PT) apresentou um plano para evitar que a manutenção da meta de déficit zero em 2024 gere risco de paralisia em obras do Novo PAC (Programa de Aceleração e Crescimento), uma das vitrines do terceiro mandato do petista.

Um possível corte em verbas do PAC é um dos principais argumentos usados pelo ministro Rui Costa (Casa Civil) para defender a revisão da meta ainda neste ano. Rui está numa disputa interna no governo contra o ministro Fernando Haddad (Fazenda), que rejeita mudar o compromisso fiscal.

De acordo com auxiliares palacianos, Lula ainda não bateu o martelo sobre mudar ou não a meta, mas a tendência hoje é que a discussão seja adiada para março —o que daria tempo à Fazenda para correr atrás de mais medidas de arrecadação. Enquanto a decisão final não é tomada, Rui mantém a pressão para garantir a revisão da meta ainda em 2023.

A engenharia proposta pela ala que tenta encontrar um meio-termo entre as posições de Rui e Haddad passa pelo uso dos chamados RAPs (restos a pagar) para garantir a execução de obras ao menos até março, quando haverá a reavaliação do Orçamento e a rediscussão da meta fixada pelo ministro da Fazenda.

A estratégia é trabalhar para que o maior volume possível de investimentos programados no Orçamento de 2023 seja devidamente empenhado (a primeira fase do gasto, quando o governo assume o compromisso de efetuar um determinado pagamento no futuro).

A PEC (proposta de emenda à Constituição) aprovada na transição de governo assegurou um espaço generoso para investimentos, que totalizam R$ 60,6 bilhões (já considerando o Minha Casa, Minha Vida, mas sem contar com emendas parlamentares).

Na virada do ano, parte desses investimentos será inscrita como restos a pagar, gerando uma espécie de colchão para que o governo mantenha o fluxo de obras em andamento no início de 2024. Isso é considerado importante pelos defensores dessa alternativa para afastar temores de paralisação em obras, uma vez que a realização de novos gastos costuma ser mais lenta no começo do ano.

Integrantes do governo dizem que os ministérios dos Transportes e das Cidades devem ser os que mais terão sobras em caixa em dezembro e poderão empenhar recursos para ampliar seus restos a pagar em 2024.

Um efeito colateral da estratégia, porém, é a impossibilidade de redistribuir essas sobras no fim do ano para outras pastas que possam estar precisando de recursos, como costuma ocorrer.

Se acatada por Lula, o plano pode servir de solução intermediária em meio à queda de braço entre a Casa Civil e a Fazenda, uma vez que propõe manter o calendário de obras do PAC ao mesmo tempo em que a meta de Haddad ficaria inalterada.

Lula se reuniu na última terça-feira (15) no Palácio do Planalto com Costa e Haddad, além de Simone Tebet (Planejamento), Esther Dweck (Gestão), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).

O propósito do plano é garantir que os investimentos continuem em andamento, mesmo diante da manutenção do déficit zero, e conciliar o andamento das obras com o aperto nas despesas, mediante a organização de uma fila de prioridades.

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