“Ainda Estamos Aqui” apresenta uma narrativa dividida entre a família idílica retratada sob a ótica da infância do escritor Marcelo Rubens Paiva e a opressão representada pelo regime autoritário vigente. A história inicia com um helicóptero sobrevoando a protagonista, antecipando o destino trágico de seu marido, Rubens Paiva, brutalmente assassinado pelas mãos do governo brasileiro.
O filme se destaca por diversas qualidades, como as atuações das crianças e dos jovens, a direção sensível de Walter Salles, a trilha sonora precisa e a fotografia impecável. No entanto, um dos pontos altos da obra é a interpretação magistral de Fernanda Torres, que dá vida à inquebrantável Eunice Paiva. Em uma cena emblemática de interrogatório, a atriz demonstra todo seu talento ao transmitir a dualidade da personagem, que busca proteger a família em meio à tirania do Estado.
Eunice, uma figura da classe média alta do Rio de Janeiro nos anos 1960, enfrenta a ditadura com determinação e autoridade, refletindo o papel das mulheres brasileiras, especialmente as negras e pobres, que lutam diariamente contra a opressão e a desigualdade. O filme ressalta a importância da democracia e alerta para os perigos do autoritarismo, em um contexto onde ainda se celebram práticas antidemocráticas e a violência do passado persiste.
Em síntese, “Ainda Estamos Aqui” é um retrato doloroso e atual do Brasil, que nos faz refletir sobre a importância da resistência e da defesa dos direitos humanos. O filme nos lembra que, apesar dos desafios, estamos aqui para lutar por um país mais justo e igualitário.