Advogados de ex-coronel condenado pela operação Condor tentam suspender extradição com habeas corpus, mas pedidos são negados.

No último mês de setembro, o ministro participou de um importante evento em Mato Grosso, o “V Encontro do Sistema de Justiça Criminal de Mato Grosso – Efetividade da jurisdição penal”, em Chapada dos Guimarães. Durante a palestra de encerramento, ele abordou um tema polêmico: os advogados que abusam do uso do habeas corpus. O ministro destacou que é comum o advogado utilizar três HCs contra a mesma questão, discutindo um tema específico em cada um deles. Segundo ele, isso causa um verdadeiro caos.

Coincidência ou não, os advogados do ex-coronel Narbondo, antes mesmo de ele ser condenado em via definitiva na Itália, entraram com dois pedidos de habeas corpus para suspender uma suposta prisão preventiva para fins de extradição. Ambos os pedidos foram negados pelo Supremo Tribunal Federal. Atualmente, Narbondo vive em Santana do Livramento, cidade que faz fronteira com o Uruguai. Ele fugiu para lá após ter sido convocado para depor em um processo no qual é investigado pela morte de um operário em 1972.

O ex-coronel é conhecido como “el Burro” no Uruguai, devido à forma brutal como conduzia seus interrogatórios durante a Operação Condor, uma rede de perseguição, tortura e assassinato de opositores políticos implementada pelas ditaduras do Cone Sul. Narbondo é um dos 14 torturadores (11 uruguaios e três chilenos) condenados pelo tribunal de Roma à prisão perpétua no processo que julgou os crimes contra cidadãos italianos ocorridos durante o período da Operação Condor.

As vítimas de Narbondo incluem Bernardo Arnone, Gerardo Gatti, Juan Pablo Recagno Ibarburu e María Emilia Islas Gatti de Zaffaroni. Essas pessoas faziam parte de um grupo de 27 uruguaios que militavam no Partido por la Victoria del Pueblo (PVP) e foram sequestrados em Buenos Aires entre o final de setembro e início de outubro de 1976. Os corpos de Gatti, Ibarburu e Zaffaroni nunca foram encontrados.

Narbondo foi reconhecido por ex-presos políticos como um dos algozes que torturavam durante os interrogatórios. Além disso, um ex-militar uruguaio testemunhou que ele integrou parte do Departamento 3, um órgão ligado ao Serviço de Informação de Defesa (SID), do Uruguai, que operava com as inteligências dos países onde atuava a Operação Condor, no Cone Sul.

Esses acontecimentos evidenciam a importância de garantir que a justiça seja feita, tanto no Brasil quanto em outros países. A atuação dos advogados, as decisões judiciais e as acusações contra Narbondo são aspectos que devem ser acompanhados de perto para assegurar que a verdade prevaleça. A história de Narbondo e suas vítimas mostram o quanto é crucial manter a luta por justiça e direitos humanos.

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