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Acusados de tortura, ex-policiais militares são absolvidos pelo Tribunal do Júri em Bauru, Ministério Público recorre da decisão

Na tarde desta terça-feira (23), o Tribunal do Júri de Bauru (SP) absolveu quatro ex-policiais militares acusados de torturar até a morte um adolescente de 15 anos. O Ministério Público se manifestou contrário à decisão e recorreu da sentença. Os réus, identificados como Roger Marcel Vitiver Soares de Souza, Emerson Ferreira, Juliano Arcangelo Bonini e Maurício Augusto Delasta, foram julgados pelo suposto envolvimento na morte de Carlos Rodrigues Júnior, conhecido como Juninho, por meio de lesões corporais durante um ato de tortura com choques elétricos.

Os fatos que culminaram na morte de Juninho ocorreram na madrugada do dia 15 de dezembro de 2007, no bairro Mary Dota, em Bauru. Segundo a denúncia, o adolescente foi abordado pelos policiais dentro de sua residência sob a suspeita de ter roubado uma motocicleta. Após agressões que resultaram em desmaio, Juninho foi levado ao pronto-socorro, porém não resistiu. O laudo do Instituto Médico Legal revelou que os choques elétricos provocaram uma parada cardiorrespiratória, levando à morte do jovem.

A decisão do Tribunal do Júri absolveu os réus por negativa de autoria, mesmo reconhecendo a materialidade do crime. Vale ressaltar que os quatro acusados foram expulsos da Polícia Militar, e um quinto policial envolvido no caso foi absolvido em 2018. Durante o julgamento, as defesas dos réus negaram qualquer participação no crime, e houve troca de acusações entre as partes envolvidas.

O então governador José Serra (PSDB) classificou a morte de Juninho como uma “brutalidade inaceitável” e assinou um decreto para indenizar a família da vítima. Segundo relatos dos familiares, os gritos e gemidos de Juninho eram audíveis durante a sessão de tortura. A tragédia continua a ecoar na memória da sociedade, evidenciando a importância do combate à violência policial e a necessidade de justiça para as vítimas de abusos de poder. A luta por uma sociedade justa e igualitária segue desafiando autoridades e cidadãos a buscarem um sistema de segurança mais humano e eficiente.

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