Deste total, R$ 100 bilhões serão pagos ao longo de 20 anos a municípios, estados, famílias e organizações atingidas. Além disso, há uma parcela de R$ 32 bilhões que se refere a obrigações futuras da Samarco, como a remoção de rejeitos do rio Doce e indenizações às pessoas afetadas. Os outros R$ 38 bilhões foram supostamente investidos pela Fundação Renova, entidade responsável pelos reparos dos danos, e que será extinta com a assinatura do acordo.
José Roberto Gariff Guimarães, prefeito de São José do Goiabal (MG) e presidente do Fórum Permanente de Prefeitos do Rio Doce, expressou sua decepção com o valor acordado, afirmando que foi muito aquém do esperado. No entanto, o Movimento dos Atingidos por Barragens reconheceu a importância do acordo e os avanços proporcionados, apesar de considerar que ainda existem insuficiências.
A negociação para a repactuação da tragédia de Mariana teve início em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), sendo finalizada sob a gestão de Lula (PT). Em 2022, um acordo esteve próximo de ser concretizado, no valor de R$ 112 bilhões, mas desentendimentos entre as mineradoras e os governos estaduais paralisaram as negociações na época.
O Movimento dos Atingidos por Barragens informou que a luta por indenizações justas prosseguirá, tanto na esfera judicial brasileira quanto em cortes internacionais, como o julgamento em curso na Corte Britânica, onde a responsabilidade da empresa BHP Billiton sobre o ocorrido em Mariana está sendo discutida. Este julgamento, iniciado na última segunda-feira (21), deverá perdurar até 2025.
O escritório londrino Pogust Goodhead, representando familiares das vítimas, enfatizou que os valores definidos no acordo assinado nesta sexta estão distantes de cobrir os danos sofridos pelas vítimas e que buscarão reparações integrais por meio do processo legal em andamento. A luta por justiça e reparação permanece ativa, enquanto as mineradoras finalmente sentem a pressão da opinião pública após nove anos de negligência.