Repórter São Paulo – SP – Brasil

A rede de controle corporativo mundial: Como as corporações transnacionais dominam o cenário global e influenciam decisões governamentais

O poder das corporações transnacionais em nível mundial é um tema que ainda é pouco debatido e compreendido pela sociedade em geral. Enquanto somos constantemente informados sobre as atividades governamentais e como elas exercem seu poder, temos pouco conhecimento sobre o funcionamento do mundo corporativo, que se apresenta sob o disfarce de “mercados”.

Isso mudou em 2011, quando o Instituto de Pesquisa Suíço ETH44 divulgou o primeiro estudo mundial sobre o universo do poder corporativo, conhecido como “A rede de controle corporativo mundial”. Os pesquisadores foram além das estatísticas de valor das ações e calcularam o poder de controle que cada corporação exerce sobre outras, por meio de aquisições de ações e participações cruzadas. Os resultados foram surpreendentes: apenas 737 corporações controlam 80% do mundo corporativo, e 147 delas, o “núcleo duro” do poder, controlam 40%.

Esse estudo teve um impacto significativo em todo o mundo, pois finalmente tivemos dados concretos sobre o poder imenso que essas grandes corporações têm sobre a sociedade. Elas influenciam as decisões dos governos, controlam a mídia e conseguem mudar as leis de acordo com seus interesses. Seu poder se estende além das fronteiras nacionais, enquanto os governos estão fragmentados em 193 países.

A concentração de poder é evidente quando analisamos o tamanho dessas corporações. A gestora de ativos BlackRock administra US$10 trilhões, o que é maior do que o orçamento federal dos Estados Unidos. A soma dos ativos de duas outras empresas, State Street e Vanguard, chega a US$20 trilhões, que é próximo ao valor do PIB americano. O controle dos fluxos financeiros, da comunicação e da energia é central para o exercício desse poder.

Além disso, essas corporações escolhem suas sedes fiscais em países com impostos baixos e utilizam paraísos fiscais para isentar seus recursos e escapar de regulamentações e pedidos de informações. Esse poder corporativo global é o principal agente de mudança planetária, com impactos na desigualdade, nos problemas ambientais e na volatilidade financeira.

No contexto brasileiro, a pesquisa sobre a rede de controle corporativo também revela a dimensão do poder dessas corporações. Os dados foram coletados a partir do anuário “Grandes Grupos – 200 maiores” do jornal Valor Econômico e processados utilizando a metodologia da Análise de Redes Sociais. A análise revela a concentração do poder corporativo no país e sua articulação com o poder corporativo global.

Essa pesquisa demonstra a necessidade urgente de repensarmos a governança política mundial. Enquanto as corporações transnacionais detêm cada vez mais poder, os governos ainda estão presos ao âmbito nacional. Precisamos encontrar soluções para equilibrar esse desequilíbrio de poder e garantir que as decisões que afetam a sociedade como um todo sejam tomadas de forma democrática e transparente.

Em resumo, o poder das corporações transnacionais é imenso e sua influência se estende por todo o mundo. Essa concentração de poder traz grandes desafios para a sociedade e para a governança global. É fundamental que a sociedade compreenda e debata esse tema para que possamos buscar soluções que garantam um futuro mais equilibrado e justo para todos.

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