A principal razão para isso foi o colapso da infraestrutura educacional e de comunicações mantida pelas elites romanas cristianizadas, que dependiam da infraestrutura econômica do império, que havia desaparecido. Sem esse suporte, as práticas religiosas começaram a se deteriorar lentamente.
Um exemplo disso foi a descoberta feita pelo missionário anglo-saxão Bonifácio, que deixou a Inglaterra para evangelizar a população da Europa continental. Ele descobriu que um sacerdote cristão na Baviera estava batizando seus fiéis com uma fórmula errada, dizendo “In nomine Patria et filia” (em nome da Pátria e da filha), ao invés do correto “In nomine patris et filii” (em nome do Pai e do Filho).
Ao questionar o papa sobre essa prática estranha, Bonifácio foi informado de que esses batismos ainda eram válidos, apesar do erro linguístico cometido. Isso mostra o quão precária estava a situação do cristianismo na Europa naquela época.
Essa fragmentação das práticas religiosas foi resultado do colapso da estrutura social e econômica do Império Romano, que afetou diretamente a educação e a comunicação entre as comunidades cristãs. Sem uma infraestrutura sólida para manter as tradições e os ensinamentos religiosos, houve uma deterioração gradual das práticas, incluindo até mesmo o conhecimento básico da língua latina, como foi o caso da fórmula de batismo errada.
É importante lembrar que esse período de fragmentação não significa que o cristianismo tenha deixado de existir na Europa. Pelo contrário, a fé cristã ainda estava presente, mas as práticas religiosas estavam se tornando cada vez mais distintas e variadas.
O caso do batismo com a fórmula errada é apenas um exemplo das mudanças e desafios enfrentados pela Igreja durante esse período. A falta de uma estrutura centralizada e um sistema educacional robusto levou a essas distorções na prática da religião.
A história do cristianismo na Europa é complexa e cheia de nuances, e essa fase de fragmentação e enfraquecimento foi apenas uma parte desse processo mais amplo.