A implementação da inteligência artificial promete melhorar o acesso à saúde no Brasil através do SUS.

No último dia 18 de agosto, foi realizado um hackaton na Emory University, em Atlanta (Geórgia), nos Estados Unidos, que reuniu especialistas para discutir a utilização da inteligência artificial (IA) no Sistema Único de Saúde (SUS). O evento, chamado de Health Al Bias Datathon, teve como objetivo destacar como os algoritmos de IA podem reforçar preconceitos sociais, principalmente quando se trata de questões de saúde.

Durante as discussões, uma equipe multidisciplinar brasileira se destacou e foi a vencedora do hackaton. O grupo, liderado pela cientista de dados Renata Prôa, apresentou um trabalho que evidenciou a importância de uma base de dados nacional para treinar os algoritmos de IA, levando em conta a diversidade étnica do povo brasileiro.

De acordo com Renata Prôa, as bases de dados disponíveis atualmente para treinamento dos algoritmos são provenientes de países ricos e não refletem a realidade do Brasil, que é um país composto por diferentes etnias. Isso pode gerar desigualdades e preconceitos em diagnósticos e tratamentos de doenças.

Um exemplo citado pela cientista é a predominância de imagens de câncer de pele provenientes da Austrália na base de dados disponível publicamente. Essas imagens são baseadas na alta incidência da doença na população australiana, que tem a maioria das pessoas com a pele muito clara. Portanto, um algoritmo treinado apenas com essas imagens não seria eficaz para analisar casos de peles escuras ou indígenas.

Além disso, Renata destacou que muitas das imagens de raio-x disponíveis também são provenientes da China, o que pode dificultar o uso desses algoritmos na realidade brasileira. Para ela, é fundamental desenvolver uma base nacional de imagens médicas para a IA, levando em conta a miscigenação brasileira.

A cientista ressaltou que a IA não substituirá o médico, mas pode ser uma ferramenta importante para auxiliar o Sistema Único de Saúde, principalmente em regiões mais remotas e com profissionais menos especializados. A ideia é que a IA funcione como um suporte para a decisão do médico.

Renata Prôa, que atualmente trabalha no Hospital Albert Einstein, tem como objetivo levar todo o conhecimento adquirido para melhorar o sistema de saúde no Brasil e torná-lo mais abrangente e acessível.

O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) foi criado em 2009 com o objetivo de promover a capacitação em recursos humanos, pesquisa e avaliação no SUS. O programa conta com a parceria entre o Ministério da Saúde e seis hospitais de referência no Brasil, que destinaram cerca de R$ 7,9 bilhões em projetos de cooperação técnica e operacional com o SUS.

Em conclusão, o hackaton realizado em Atlanta mostrou a importância de levar em consideração a diversidade étnica do Brasil na utilização da inteligência artificial no SUS. A criação de uma base nacional de imagens médicas para a IA pode contribuir para a democratização do acesso à saúde e evitar desigualdades e preconceitos nos diagnósticos e tratamentos. A tecnologia não substituirá o médico, mas pode ser uma ferramenta de suporte para melhorar o sistema de saúde no país.

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