Repórter São Paulo – SP – Brasil

A falta de estratégia política subjacente nas manifestações: o ativismo performático que não busca a persuasão

No FT Weekend Festival, durante um painel sobre o Partido Trabalhista britânico, dois manifestantes interromperam o evento levantando uma faixa e gritando. A convidada principal, a parlamentar Rachel Reeves, ministra “sombra” das Finanças, havia acabado de responder a uma pergunta sobre a decisão de descartar um novo imposto sobre a riqueza. O episódio gerou um momento de pânico e diversas perguntas surgiram na mente do moderador do painel.

Enquanto os manifestantes gritavam, o moderador se salvou através de sua própria irritação. Ele questionou se eles gostariam de ouvir a resposta ou apenas queriam gritar. Surpresos, eles hesitaram antes de optar por continuar gritando. Contudo, a hesitação foi fatal e a equipe do festival interveio, fazendo com que os manifestantes se retirassem.

Após o incidente, a principal emoção do moderador foi desprezo. Ele considerou os manifestantes inúteis, com uma faixa que continha palavras demais e uma organização cujo nome ele já havia esquecido. Além disso, eles se renderam facilmente à autoridade, deixando o moderador pensando que já havia visto uma resistência maior por parte de seus filhos quando pediam ajuda nas tarefas domésticas.

Enquanto o moderador questiona se sua reação foi injusta, considera a possibilidade de que os manifestantes apenas quisessem fazer um protesto rápido para não perderem outras atividades do festival. Para ele, existe um certo tipo de ativista que reduz a política a uma forma de arte performática, que busca apenas chamar atenção através de interrupções breves e elaboração de comunicados de imprensa.

O autor também menciona que muitas campanhas políticas e ações ativistas parecem ser mais sobre o próprio ativista do que sobre a causa em si. São ações superficiais, voltadas para receber atenção e likes nas redes sociais, sem um plano estratégico para conquistar corações e mentes ou para converter essa atenção em apoio real.

No entanto, o autor pondera que talvez não deva reclamar, já que essas intervenções de baixo impacto são aceitas e apreciadas por todos. O ativismo performático e a política de gestos parecem estar se tornando cada vez mais comuns, mas resta a dúvida se essa abordagem realmente traz resultados e promove mudanças significativas na sociedade.

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