A dominação do capital sobre o conhecimento: a transformação do capitalismo em um sistema rentista e de controle global.

A atual fase do capitalismo é caracterizada pela transformação do capital em rentismo, onde o monopólio sobre o conhecimento desempenha um papel fundamental. Isso inclui o controle de patentes, direitos autorais e projetos industriais. Dessa forma, os países desenvolvidos se tornaram cada vez mais economias rentistas e de produção de serviços. Basicamente, eles dominam o mundo através do controle das estruturas financeiras globais, do conhecimento necessário para a produção e da distribuição através do comércio varejista e das marcas globais.

Mesmo quando as universidades são influenciadas pelo capital e se tornam “Universidades CNPJ”, o financiamento para a produção do novo conhecimento ainda é proveniente do setor público. Isso acontece tanto em países como a Índia, quanto em países capitalistas desenvolvidos. O direcionamento da pesquisa científica nas universidades é determinado pelo capital privado, que se apropria de qualquer inovação que seja lucrativa para a indústria, mesmo que todas essas inovações sejam financiadas pelo setor público. É importante ressaltar que leva tempo para que essas inovações sejam benéficas para os setores de tecnologia avançada e o investimento em pesquisa e desenvolvimento é extremamente caro. Nessa fase, é o Estado que arca com os custos, enquanto as patentes são liberadas gratuitamente para o setor privado. Isso é uma característica do sistema neoliberal, onde o risco é socializado e os lucros são privatizados.

A compreensão de que a ciência precisa ser restabelecida como “aberta e colaborativa” deu origem ao movimento “commons”. O capitalismo considera os bens comuns finitos, como a atmosfera e os corpos d’água, como infinitos e exige o direito de poluir esses bens. No entanto, ele considera o conhecimento, que pode ser copiado infinitas vezes sem perda alguma, como finito e exige direitos de monopólio sobre ele.

Atualmente, a sociedade tem a capacidade de reunir diferentes comunidades e recursos para produzir novos conhecimentos. Esse é um trabalho social e universal, porém, sua apropriação privada como propriedade intelectual sob o capitalismo impede a liberação desse enorme poder coletivo para gerar novos conhecimentos e beneficiar a população.

Em resumo, a fase atual do capitalismo é caracterizada pela transformação do capital em rentismo, através do monopólio sobre o conhecimento. Os países desenvolvidos se tornaram economias rentistas e de produção de serviços, dominando o mundo através do controle das estruturas financeiras globais e do conhecimento necessário para a produção. A pesquisa científica nas universidades é direcionada pelo capital privado, que se apropria das inovações financiadas pelo setor público. Enquanto isso, o conhecimento é tratado como finito e monopolizado, impedindo seu livre acesso e utilização em benefício da sociedade. O movimento “commons” busca restabelecer a ciência como aberta e colaborativa, permitindo a liberação do enorme poder do trabalho coletivo na geração de novos conhecimentos.

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