Essa cisão entre as duas facções ocorreu durante a Segunda Conferência do POSDR em 1903 e refletiu diferenças fundamentais em relação à estratégia revolucionária, organização do partido e visão sobre o socialismo. Enquanto os bolcheviques defendiam a necessidade de uma liderança centralizada e disciplinada para guiar o movimento revolucionário, os mencheviques enfatizavam a importância da participação das massas e da coalizão com outras forças políticas para alcançar mudanças progressivas.
Os bolcheviques, com sua interpretação radical do marxismo adaptada às condições específicas da Rússia, defendiam a abolição do capitalismo e da propriedade privada em favor da propriedade coletiva controlada pelo Estado. Lênin, líder inconteste dos bolcheviques, formulou a teoria do “partido de tipo novo”, destacando a necessidade de uma liderança centralizada e disciplinada para orientar a transformação socialista da sociedade russa.
Por outro lado, os mencheviques adotavam uma abordagem mais moderada e reformista, acreditando na importância da participação das massas e na construção de uma coalizão ampla de forças políticas para promover mudanças progressivas. Eles buscavam preservar as liberdades políticas e civis dentro do sistema existente, ao invés de defender uma ditadura do proletariado como os bolcheviques.
Essas diferenças ideológicas e estratégicas entre bolcheviques e mencheviques tiveram um impacto significativo no curso da Revolução Russa e nos eventos subsequentes. Enquanto os bolcheviques emergiram como a força dominante e lideraram a Revolução de Outubro de 1917, os mencheviques perderam influência e se tornaram uma minoria política marginalizada devido à sua oposição à abordagem revolucionária e autoritária dos bolcheviques. Nesse contexto, a liderança de Vladimir Lênin foi fundamental para a vitória dos bolcheviques e o estabelecimento do governo soviético, transformando radicalmente a sociedade russa.