Repórter São Paulo – SP – Brasil

A arte como reflexo da verdade: como obras literárias e cinematográficas confrontam a realidade e desafiam convenções sociais.

Na era do politicamente correto, a arte parece ter perdido um pouco de sua essência. Em tempos atrás, obras literárias e cinematográficas exploravam o lado sombrio e perturbador da sociedade, sem medo de expor os aspectos mais condenáveis do comportamento humano. No entanto, nos dias de hoje, a arte parece mais preocupada em transmitir mensagens positivas e corretas, deixando de lado a sua função primordial de questionar e provocar reflexões.

Um exemplo disso é a transformação da arte em um exercício de “lacração”, onde o mal está sempre no outro e os protagonistas são retratados como heróis da virtude. As obras de arte parecem vir acompanhadas de uma moral da história pré-estabelecida, reforçando estereótipos e simplificando a complexidade da realidade. O homem branco, o rico, o hétero são retratados como vilões, enquanto o pobre, a mulher, o LGBTQIA+ são sempre representados como os bonzinhos.

É claro que é necessário combater injustiças e lutar por um mundo mais justo, mas a arte não pode perder sua capacidade de mostrar a realidade de forma crua e honesta. Afinal, a realidade é confusa, contraditória e muitas vezes incompreensível, e a arte é o lugar onde tentamos nos mostrar nus, com todos os nossos defeitos. Se a arte se tornar apenas um veículo para transmitir mensagens politicamente corretas, mais vale a pena recorrer a opções mais simples, como discursos motivacionais, parques de diversão ou remédios para dor de cabeça.

A importância da arte em questionar, provocar e explorar a complexidade humana não pode ser negligenciada. A literatura, o cinema e o teatro têm um papel fundamental em nos desafiar a enfrentar a realidade de frente, mesmo que ela seja desconfortável. Portanto, é crucial que a arte continue a ser um espaço de liberdade, expressão e reflexão, sem medo de abordar temas controversos e sem se prender a uma narrativa unidimensional. A verdade não é sempre confortável, mas é necessária para o crescimento e a evolução. A arte precisa continuar cumprindo o papel de fazer perguntas, ao invés de fornecer respostas pré-fabricadas.

Sair da versão mobile