Mercado voluntário de carbono no Brasil registra queda de 89% nos créditos emitidos em 2023, aponta estudo da FGV.

O mercado voluntário de carbono no Brasil passou por uma queda significativa no ano passado, de acordo com um estudo realizado pelo Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV). O volume de créditos emitidos reduziu em 89% e o volume de créditos aposentados diminuiu em 44%, em comparação com o recorde estabelecido em 2021.

O estudo tem como objetivo analisar a realidade atual do mercado voluntário de carbono no Brasil, destacando as principais tendências, mudanças e desafios enfrentados entre os anos de 2021 e 2023. Mesmo com um crescimento significativo no mercado, ainda existem desafios críticos que precisam ser abordados para garantir a credibilidade e sustentabilidade a longo prazo.

Um dos principais desafios apontados pelo estudo é a incerteza em relação à forma como as empresas utilizam os créditos de carbono adquiridos para atingir suas metas de zero emissões líquidas. A falta de orientação sobre o uso adequado dos créditos resulta em falta de transparência e necessidade de melhorar a credibilidade do mercado voluntário.

Em 2023, houve um aumento no número de projetos e créditos emitidos em relação aos últimos três anos, com destaque para as regiões Norte e Nordeste, que concentraram a maioria dos projetos. A participação dos créditos de energia renovável aumentou em comparação com os projetos de floresta e uso da terra.

Alguns estados, como Mato Grosso, Amapá e Acre, que anteriormente eram destaque em projetos de floresta e uso da terra, passaram a não emitir mais créditos, abrindo espaço para estados como Goiás e Rondônia. A gestão de resíduos tornou-se relevante em estados como Santa Catarina, Minas Gerais e Maranhão.

A pesquisadora Fernanda Valente, do Centro de Bioeconomia da FGV e autora do estudo, ressalta a importância de garantir que os créditos de carbono representem reduções reais, adicionais e permanentes de emissões de gases de efeito estufa. A falta de confiança e instabilidade no sistema atual destacam a necessidade de padronização e transparência no processo de emissão e verificação dos créditos.

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