O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe) registrou um aumento nas queixas de professores sobre ataques e desrespeito por parte de estudantes e responsáveis. De acordo com a coordenadora Helenita Beserra, os professores têm sido perseguidos por meio das redes sociais e até mesmo por contatos diretos via WhatsApp. Essa pressão psicológica e o estresse resultante têm afetado a saúde física e mental desses profissionais.
Alguns casos de violência têm ganhado destaque, como o ocorrido no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, em que uma professora de inglês foi agredida por um aluno devido a um desafio publicado no TikTok. Outros casos comuns envolvem linchamentos virtuais, cyberbullying e gravações não autorizadas com o objetivo de humilhar os professores.
Diante dessas agressões, a orientação do sindicato é que os professores busquem as autoridades competentes para responsabilizar o agressor ou os pais. Em casos mais graves, é indicado registrar ocorrência em uma delegacia especializada em crimes cibernéticos.
Diversas motivações podem levar à violência contra professores, principalmente no ambiente virtual. Segundo o pesquisador Antônio Álvaro Soares Zuin, vivemos em uma “era da concentração dispersa”, na qual os alunos projetam rivalidade entre dispositivos digitais e os professores. Para os estudantes, torna-se insuportável manter a atenção por longos períodos em aulas virtuais, e essa falta de foco pode levá-los a se vingar contra os professores, que historicamente foram responsáveis por mantê-los focados no conteúdo.
Para combater as agressões, tanto presenciais quanto virtuais, é necessário transformar a escola em um lugar de diálogo e resolução de conflitos, dando espaço para que os alunos se expressem e sejam ouvidos. Além disso, é importante que o professor repense o significado da autoridade educacional, evitando tentar convencer o aluno de que ele é o detentor da verdade.
Projetos de educação digital direcionados para crianças e jovens também podem ser uma forma de prevenção e combate à violência na internet. Esses projetos visam desenvolver o senso crítico e a responsabilidade dos alunos no ambiente virtual, ensinando, por exemplo, a diferenciar opinião de informação e a se comportar de forma ética nas redes sociais.
No entanto, é importante ressaltar que as escolas não são as únicas responsáveis por prevenir violências e comportamentos inadequados dos estudantes nas redes. É necessário engajar toda a sociedade, incluindo famílias e poder público, nesse processo de educação digital.
Nesse sentido, a formação de uma aliança entre escola, família e sociedade se faz necessária para garantir a segurança e o respeito nos ambientes virtuais, construindo assim um ambiente propício para a prática educacional e prevenindo agressões e violências contra os professores.